quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Discover: Spirit

O quinteto original em 1968.





Spirit foi uma banda norte-americana fundada em 67, em Los Angeles, Califórnia. Peculiarmente, suas músias possuem uma mistura vários gêneros e vai desde jazz ao hard rock, e é geralmente classificada como progressiva. Envolveu-se num polêmico capítulo de brigas judiciais 40 anos depois alegando que o Led Zeppelin teria plagiado sua música "Taurus" para fazer a famosa Stairway to Heaven. Sua musicalidade era tão "híbrida" em estilos que colocou a banda num patamar maior de reconhecimento após muitos anos como uma banda "cult". 

A primeira formação do grupo que, foi originalmente chamado de Spirits Rebellious, com o lendário Randy California (guitarras /vocais), Mark Andes (baixo), Jay Ferguson (vocais / percussão), veio de uma antiga banda de L.A. chamada The Red Roosters. Ainda viriam John Locke nos teclados e Ed Cassidy (Mr. Skin) na bateria.








Single de "I Got a Line on You",
com 1984 como lado B (1968)


Embora seu único êxito comercial tenha sido "I Got a Line on You", a banda é cultuada por seus quatro primeiros álbuns, a ver:  Spirit" (1968), "The Family That Play's Together" (1968) "Clear"(1969) e Twelve Dreams of Dr. Sardonicus [(1970) (o melhor na minha opinião)], que são repletos de boas composições, tais quais "Fresh-Garbage" (uma música que retrata sobre reciclagem e reutilização de materiais descartáveis, muito a frente de seu tempo), "Dark Eyed Woman", "Gramophone Man", "Elijah", "1984", "Nothin' to Hide", "Nature's Way", "Animal Zoo" e "Uncle Jack".  




Capa de "Twelve Dreams
of Dr. Sardonicus",1970.


Esse foi o período mais importante da banda, o único com a sua formação original e com a maior consistência de seus álbuns. Posterior às turnês e ao álbum "Feedback" (1972) a maioria dos membros dispersaram, ficando apenas Randy California e Ed Cassidy, passando por várias formações diferentes. Produziram alguns álbuns sem muito destaque e público entre 1976 e 1996, dos quais gosto de citar como um bom trabalho o "Spirit of '76" de 1976.









Referências
Allmusic - Biography
ProgArchives

Por Allan Menezes

Discover: Judas Priest

Uma das bandas lendárias do metal, e precursora do heavy metal moderno. Surgiu em 1969, em Birminghan, na Inglaterra. Formação clássica nos anos 80: Rob Halford, KK Downing, Glenn Tipton, Ian Hill e Dave Holland. Também introduziu as vestimentas de couro, e o estilo referido à junção do peso e obscuridade do Black Sabbath com a velocidade do Deep Purple. O nome da banda se origina em uma música de Bob Dylan chamada "The Ballad of Frankie Lee and Judas Priest".

Começaram fazendo covers de bandas como o Spirit e Quick Silver Messenger Service, até que em 1970 Al Atkins entra na banda como vocalista, e compõem músicas em estilo blues rock/hard rock. Dessa leva foram compostas algumas músicas que seriam lançadas no primeiro álbum, o Rocka Rolla. Abriram shows para Status Quo, Thin Lizzy e UFO, até que em 1973 Atkins é substituido por Rob Halford.



Primeira fase: do Hard Rock ao Heavy Metal

A sonoridade do Judas Priest foi evoluindo durante seus primeiros álbuns. Entre 1974 e 1979 comporam e lançaram músicas do que seria uma evolução do hard rock para o heavy metal. Alguns ábuns como o debut Rocka Rolla, Sad Wings of Destiny e Stained Class se tornaram um marco na música pesada, com ótimas composições.
Num total de 5 álbuns, temos diferentes demonstrações de criatividade da banda, que evolui seu som e se prepara para a década seguinte, que seria a de maior sucesso da banda.

Rocka Rolla (1974)


Ótimo álbum de estréia, que apresenta algumas músicas da "pré-era" Al Atkins, com muita influência do blues e um som mais hard rock do que os fãs costumam ouvir em suas músicas. Conhecido por poucos, e que na minha opinião deveria ser mais explorado pelos ouvintes, é um trabalho muito interessante, pois mostra toda a criatividade inicial e crua dos músicos na época. Suas principais faixas são "Rocka Rolla", "One For The Road" e "Run of The Mill".








Sad Wings of Destiny (1976)

Podemos perceber com este álbum de 76, que a banda tenta um som mais pesado e obscuro, bem retratado na capa do álbum por um anjo caído. Sua temática é envolvida principalmente por guerras e o instinto tirano dos poderosos. É considerado o disco que reinventou o metal. Possui  uma faixa bem peculiar chamada "Epitaph", que pode ser considerada uma música progressiva. Além disso, a maioria de suas músicas possui claramente perceptível suas influências de Black Sabbath, Queen e Deep Purple . Suas principais faixas são "The Ripper", "Tyrant", "Genocide" e "Victim of Changes"



Sin After Sin (1977)

Aqui o Judas Priest trazia recursos musicais inovadores como o bumbo duplo (bateria) e semicolcheia com ritmos rápidos (baixo e guitarra). Principais faixas: "Call for the Priest" e "Dissident Aggressor" (que seriam músicas precursoras do speed e thrash metal segundo críticos) Sinner, e um bom cover da música de Joan Baez, "Diamonds and Rust".






Stained Class (1978)

Para mim, um dos melhores álbuns do Priest, este que notoriamente influenciou a NWOBHM e bandas de speed e thrash que viriam a se formar poucos anos após. Traz riffs refinados e muito mais elaborados que os anteriores, maior peso e obscuridade. Considero "Beyond The Realms of Death" e "Better By You, Better Than Me" (cover de Spooky Tooth) as melhores, com "Saints In Hell", "Exciter" e "Stained Class" também em destaque.




Killing Machine (UK) / Hell Bent For Leather (USA) (1979)


Creio que este apresenta o último estágio de evolução da música do Judas Priest. Surgem nele as vestimentas de couro e as tachinhas no visual da banda. Um dos discos de maior velocidade no ritmo de suas composições. A curiosidade é que seu nome teve que ser modificado nos Estados Unidos por ser considerado muito agressivo, daí vem a dupla versão. "Hell Bent For Leather" (um culto ao couro) "Rock Forever", "Killing Machine" e "Take On The World" são os destaques deste álbum. A versão americana possui também o excelente cover da música do Fleetwood Mac "The Green Manalishi (With the Two-Pronged Crown)"




Segunda fase: o sucesso comercial

A primeira metade da década de 80 foi a mais produtiva e também a mais lucrativa para o Judas Priest. Com composições mais sólidas, alcançaram boas posições nas paradas britânica e americana. Screaming For Vengeance acabou se tornando o seu disco mais vendido, com 2 milhões de cópias. Além dos albuns em destaque a seguir, a banda lançou "Point Of Entry" (1981), "Turbo" (1986) e "Ram It Down" (1988)



British Steel (1980)

Esse é o álbum "master" por assim dizem. Primeiro álbum lançado com músicas compostas exclusivamente por membros na banda (os anteriores incluíam covers e composições de Al Atkins) é o sexto do grupo e o melhor  de todos, segundo alguns fãs. A música "Metal Gods" acabou por se tornar o hino da banda, transformando o Judas Priest e principalmente Rob Halford em "Deuses do metal". "Breaking the Law" talvez seja a música mais famosa do grupo, junto com "Painkiller". "United" e "Living After Midnight" são também duas principais composições deste disco.



Screaming For Vengeance (1982)

O meu preferido, e aposto que o de muitos também. Recheado de músicas muito boas, é o segundo melhor do Judas, e o que capitaliza o sucesso comercial do British Steel. Considerado um dos melhores álbuns de heavy metal da década, é bem agressivo, com ótimos riffs, é pesado "até os dentes", rápido e com vocais marcantes. Sua música bônus "Prisoner of Your Eyes (gravado nas sessões de Turbo) é a única balada do disco. Uma porrada sonora, onde se destacam "You've Got Another Thing Comin'", "The Hellion/Electric Eye", "Screaming For Vengeance", "Devil's Child" e "(Take These) Chains"


Defenders Of The Faith (1984)

Aqui temos uma palinha do que viria a seguir na história do Judas Priest, e que acompanha a evolução do metal na época. Lembra muito o peso de Painkiller, mas ainda em fase seminal. Um disco de alto nível, onde se destacam "Freewheel Burning", "Rock Hard, Ride Free", "Love Bites" e "Some Heads Are Gonna Roll".




Terceira Fase: metal pesado, mudança de vocalista e atualidade

Os "Metal Gods" vinham em certo declínio devido ao baixo sucesso e críticas ruins em relação a seus últimos dois albuns no final da decada de 80. Como um "revival", surpreenderam a todos com o lançamento de Painkiller, a "obra prima" da banda, com características modernas e distintas de seus outros albuns. Após o sucesso estrondoso de Painkiller, em 1992 a banda entra em hiato com a saída de Rob Halford, e volta em 1996, com Tim "Ripper" Owens nos vocais, lançando dois álbuns de pouco destaque, tais quais "Jugulator" (1997) e "Demolition" (2001)



Painkiller (1990)



Um marco no Metal, e provavelmente o mais pesado de todos seus trabalhos. Um "chega pra lá" nas ondas pop, grunge e alternativa da época. Promove uma mudança muito grande no som da banda e é um divisor de águas do Judas Priest dos anos 80 e 90 para o do metal moderno. Senão o principal, um dos principais, e indispensável na coleção de qualquer metaleiro ou mesmo amante do rock em geral. Traz na capa uma imagem que remete aos tempos do Killing Machine, porém de forma muito mais agressiva. Suas principais faixas são "Painkiller", "A Touch Of Evil", "Metal Meltdown", "Night Crawler" e "Hell Patrol".



Rob Halford volta ao Judas Priest em 2003. Eles tocaram nos festivais Gods Of Metal e Grasspop Metal Meeting e realizaram a turnê de reunião "Reunited Summer Tour" em 2004. Até lançarem o seu próximo álbum.


Angel Of Retribution (2005)

Primeiro disco de Halford depois de 12 anos fora da banda, sua voz aparece um pouco mais rouca e envelhecida. Possui muitas referências a seus antigos sucessos. A música "Deal With The Devil" é uma autobiografia do conjunto. Acho um bom álbum, do qual gosto muito da música "Judas Rising". "Revolution" e "Demonizer" também se sobressaltam.






Nostradamus (2008)

Merece destaque por ser o primeiro álbum conceital do grupo, que relata a história do vidente e alquimista francês do século XVI. Álbum duplo com intercalações atmosféricas e sinfônicas, recebeu boas críticas no geral, quase alcançando inclusive o top 10 das paradas americanas. Este é o último álbum com K.K. Downing em sua formação.






Redeemer of Souls (2014)


Lançamento mais recente do Judas Priest, marca o retorno da banda ao metal tradicional visto em Painkiller. Bem recebido pelo público e pela crítica, alcançando a 6ª posição na Billboard Top 200 (melhor posição de seus releases até então), prova que mesmo depois de muito tempo na estrada, ainda tem muita lenha pra queimar.








Firepower (2018)


Álbum mais recente da banda, lançado esse ano, foi um grande sucesso de crítica e vendas, sendo aclamado como seu melhor trabalho desde "Jugulator", justamente por mesclar a modernidade com o som tradicional da banda em sua discografia. Possui excelentes músicas como a auto-intitulada "Firepower" e "Lightning Strike".  É o último disco com participação de Glenn Tipton, afastado das turnês por problemas de saúde.



Fontes:


Por Allan Menezes